Editor de Hot Rods cria projeto de Ford Tudor 1931 com montagem rápida e mecânica inusitada, indicada para uso diário
Texto: Flávio Faria Fotos: Ricardo Kruppa
Entre os rodders, há os que preferem ter um carro mais para exposição, com tudo original, mas só rodar nos fins-de-semana, e outros, que curtem a cultura como um estilo de vida e rodam diariamente com seus projetos, normalmente com muitas adaptações para suportarem as intempéries do dia-a-dia. Editor e fotógrafo da revista Hot Rods, Ricardo Kruppa é um rodder do segundo tipo. Mesmo com muitas idas e vindas pelas estradas para acompanhar eventos e fotografar carros para a revista, a paixão pela cultura hot sempre fala mais alto e essas “andanças” pelo Brasil muitas vezes acabam acontecendo dentro de um hot rod. Carro de uso do editor, este Fordinho Tudor 1931 foi pensado para ser usado sem dó. Todo o projeto foi executado na Garage Old School, em São Paulo.
Que lata?
Apesar dos mais puristas, por vezes, torcerem o nariz, neste projeto específico a carroceria de fibra foi a melhor opção encontrada por Kruppa. “Eu estava atrás de um projeto rápido, por isso decidi fazer em fibra. A única personalização feita por mim foi no capô, que foi alongado. Esta é a única peça em lata no carro”, conta. A carroceria foi adquirida em Curitiba, das mãos do construtor Aurélio Backo, e está como veio ao mundo. “Gosto desse visual, bem nostálgico. Além disso, como não preciso me preocupar com riscos na pintura, posso curtir o carro à vontade”, explica. A única personalização foi a colocação do logo da oficina. Afinal, propaganda é a alma do negócio. Quer vitrine melhor?
Acessórios externos, como faróis, lanternas e retrovisores, foram todos trazidos nas viagens de Kruppa aos Estados Unidos, para cobertura dos eventos do Good Guys para a Hot Rods. Pouco esperto, né? As rodas foram herdadas da Veraneio, com 16” de diâmetro, e montadas em pneus 205/70. O perfil alto permite que o Fordinho enfrente as ruas esburacadas de São Paulo sem reclamar.
Por dentro, o visual é simples e funcional. Os instrumentos são originais do Fordinho e os bancos foram adaptados de um Corcel. O volante também é importado, da marca americana Grant.
Japonês
Na contramão de tudo que se costuma ver em projetos de hot rods, este Fordinho roda com mecânica japonesa. Chassi, suspensão, freios e motor são derivados de uma picape Isuzu 1991. Achou estranho? Pois saiba que a escolha não foi de propósito. Além da confiabilidade dos motores japoneses, utilizar este propulsor também teve um motivo “econômico”. “Quando pensei em montar este carro eu já tinha toda essa mecânica parada, então valeu a pena usar”, explica Kruppa.
Com 2.3L, o motor de quatro cilindros (oito válvulas) rende por volta de 100cv de potência, dependendo da configuração de alimentação. No caso do Fordinho, ela é feita por meio de carburador. Por utilizar carroceria em fibra, mais leve do que uma similar em lata, a relação peso x potência fica bastante interessante, até porque este Fordinho não foi feito para correr, mas para rodar macio, e bastante. O câmbio é mecânico, com alavanca no assoalho, de cinco velocidades. A suspensão também é original do conjunto e, por ser originário de uma picape, absorve muito bem as irregularidades do piso e transmite bastante conforto para a carroceria. O moderno sistema de freio é a disco na dianteira e a tambor na traseira. A única substituição foi da caixa de direção, original de um Mercedes Classe A.
“Já rodei mais de 20 mil quilômetros com este carro, tanto em estradas quanto no trânsito. Nunca fiquei na mão. Nesses 18 anos já tive muitos hots, mas com certeza é o meu melhor carro”, diz Kruppa. Palavra de quem entende!
Quem fez:
Garage Old School. Tel. (11) 7870-2334. Aerografia: Studio A. Te. (19) 9230-5043.
Ficha Técnica – Tudor 1931
Parte externa
Carroceria em fibra
Acessórios importados
Rodas de Veraneio 16”
Pneus 205/70
Parte interna
Bancos adaptados do Corcel
Volante Grant
Instrumentação original
Mecânica
Chassi Isuzu
Motor 4 cilindros em linha
2.3L de cilindrada
100 cv de potência aproximada
Câmbio manual de cinco velocidades
Suspensão original
Freios originais (disco na dianteira e
tambor na traseira)
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