Houve uma época em que o automóvel não era apenas um meio de transporte. Um passeio de automóvel constituía um prazer incomparável! Havia poucos automóveis e eram todos diferentes, qual deles o mais belo… Como se pensava que mecanicamente já se tinha descoberto tudo (ou quase tudo), todas as atenções dos construtores se concentravam no aperfeiçoamento e no design das suas máquinas. Esta época ocorreu durante o breve período de paz entre as duas grandes guerras e o seu mais genuíno representante foi a Bugatti. E a maior coleção destes carros, do mundo, está na Cidade do Automóvel, no interior da França. Um lugar conhecido como o Luvre do Automóvel.
Quem é aficcionado por automóveis certamente vai adorar conhecer este museu, também conhecido como Cité de l’Automobile em Mulhouse, França. O local ocupa mais de 25.000 m², contendo mais de 400 modelos históricos e recebe mensalmente milhares de visitantes ávidos por conhecer melhor a história do automóvel.
A história do maior museu de automóveis do mundo é no mínimo curiosa, após o término da 2ª Guerra Mundial, dois irmãos Fritz e Hans Schlumpf , ambos empresários textêis, ricos, bem sucedidos com os negócios em pleno vapor e com uma paixão incomensurável por automóveis, começam a colecionar automóveis.
Em 1967 os irmãos tinham cerca de 105 Bugattis em sua coleção. A consequência de tantas extravagâncias não teve um final feliz, no final de 1960 a empresa começou a entrar em crise, os funcionários começaram a se rebelar reinvidicando aumento de salários, e diante das notícias de que os irmãos Schlumpf gastavam fortunas na coleção de carros, a situação foi se agravando e os irmãos Schlumpf foram obrigados a declarar falência.
A Cité de l’Automobile abriga a maior coleção Bugatti do mundo, prestando homenagem à marca francesa de automóveis, abrindo excepcionalmente suas portas aos carros recentes e contemporâneos produzidos na fábrica de Molsheim, incluindo o Modelo Veyron, a fim de permitir um diálogo livre entre eles e as principais peças da coleção do museu, como um coupé Napoléon Bugatti ‘Royale’, um raro Bugatti Type 57 S ‘Atalante’, um Type 32 ‘Tank’, um Grande Prêmio do Tipo 51 e o muito raro carro de corrida do Tipo 251.
A maior atração do museu é a coleção única de Bugatti. São 150 exemplares raríssimos. Entre eles, os automóveis mais valiosos do mundo, como dois Bugatti Royale. Ettore Bugatti, italiano radicado na Alsácia, região da França onde fica o museu, foi um dos pioneiros da indústria automobilística, eternizado como um dos mais inovadores.
A série Royale, com dois exemplares no museu, merece um capitulo a parte. Com apenas seis unidades produzidas, destinava-se às famílias reais europeias.
Na verdade, Bugatti sonhava desde há muito tempo construir um automóvel de um luxo incomparável e este modelo tornou-se o auge dessa ambição. Onze carroçarias diferentes foram concebidas para dois chassis extraordinariamente longos (4,30m e 4,57m) com um motor fabuloso de 12793 cm3 e 8 cilindros em linha e cerca de 300 cv, capaz de andar a mais de 200 Km/hora!
Todas as características mecânicas que fizeram o sucesso dos anteriores Bugatti se encontram no Royale mas levados a um grau de perfeccionismo verdadeiramente extraordinário. Nenhum órgão, nenhuma peça foi aplicada em estado bruto; tudo foi maquinado, trabalhado e polido à mão. Nunca um automóvel foi executado com tamanho esmero. Nem um tal Rolls Royce… Tudo isto obrigou Bugatti a anunciar um preço sem equivalente que se destinaria a uma clientela verdadeiramente royale!
Custando três vezes mais que o Rolls-Royce, a Royale foi um fracasso comercial. Um dos modelos expostos em Mulhouse acabou se tornando o carro pessoal de Bugatti.
Os carros são apresentados em ordem cronológica, destacando o pensamento e o trabalho de cinco figuras na história da marca automobilística francesa: Ettore Bugatti , o fundador, que herdou as habilidades artísticas de seu pai, Carlo Bugatti , e que se beneficiou da criatividade de seu irmão, o escultor Rembrandt Bugatti . E então, Jean Bugatti , o filho mais velho de Ettore Bugatti, que teria 110 anos. Sua personalidade, audácia e visão futurista tornaram-se parte integrante da identidade Bugatti. Sob sua administração, Bugatti produziu carros de alto desempenho, inovadores em design e aparência, até sua morte repentina, pouco antes da Segunda Guerra Mundial.
Desde 1998, a Bugatti recuperou seu merecido status como um dos principais nomes do mundo na indústria automobilística, graças em particular à abordagem visionária de Ferdinand Piëch, um dos donos do Grupo Volkswagen.
O museu também tem uma riquíssima coleção de Mercedes-Benz, Rolls-Royce, Ferrari e muitas outras marcas de prestígio, desde os modelos pioneiros do final do século 19 até os dias de hoje.
Um grande salão de 17.000 m², equipado com 800 postes de luz idênticos aos da ponte Alexandre III em Paris, conta a história do automóvel de 1878 até os dias atuais, graças a 243 carros que marcaram sua época. Os carros são organizados por grandes períodos cronológicos:
Panhards, Peugeot, De Dion e Benz cobrem um período que vai de 1878 a 1918. Naquela época, a arquitetura dos veículos Panhard definia o essencial disso.
Os “clássicos” iniciam uma segunda fase (1918-1938) simbolizada pela fusão de dois poderosos fabricantes: Mercedes e Benz. Com esta fusão começa a era dos “super carros” caracterizados por dimensões e poder extraordinários. A introdução em série da tração dianteira pela Citroën em 1934 foi a grande inovação técnica da época.
Os “modernos” após 1945 são marcados pelo aparecimento de carros leves e populares. Os fabricantes abandonam os projetos de veículos caros ou “burgueses” em favor da construção de carros que consomem pouco combustível. Esta produção foi possibilitada em particular pela prática do taylorismo.A coleção apresenta modelos esportivos excepcionais , como um carro de corrida de dois lugares Panhard-Levassor de 1908, um Mercedes W125 de 1937, um Maserati 250F de 1957 ou até um Lotus tipo 33 de 1963. Com sua revolucionária aerodinâmica, o famoso Bugatti tipo 32 de 1923 é o único sobrevivente do circuito de Tours. Ele ainda tem seu mecanismo original.
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